Em qualquer cidade, em qualquer país, vá a qualquer instituição psiquiátrica ou centro de reintegração social onde você possa ir. Quando você chegar à mesa principal, pergunte sobre como visitar o O portador do amanhã. Um olhar de completa confusão deve sobrecarregar o trabalhador e, de uma maneira muito brutal, tirará do balcão uma pequena e enferrujada chave de ouro, sinalizando para você um armário igualmente enferrujado no canto do saguão.
A chave vai se encaixar perfeitamente, mas o próprio armário vai colocar alguma resistência. No interior, deveria ter uma flauta, em perfeitas condições, mas ainda parecendo tão antiga quanto o próprio tempo.
Depois de ter a flauta, saia do prédio. Para sua surpresa, você verá que não há um prédio atrás de você depois de sair. No entanto, você se encontrará entre os mais altos penhascos áridos, contemplando o azul profundo do céu que cobre o deserto sem fim diante de você. Um vendaval explodirá, arrancando tudo das raízes ao seu redor. Busque segurança ou o poderoso vendaval o arrastará para o penhasco infinitamente longo, onde você enfrentará horrores nos quais nenhum mortal deveria colocar seus olhos.
Você verá que, com o passar do tempo, o vendaval fica mais forte. Pode diminuir em meia hora ou em cinco horas. Ninguém sabe o que afeta a duração desses ventos, mas apenas uma coisa é certa: a flauta só ressoará suas notas pela paisagem diante de você, se você tocá-las quando a nevasca estiver em seu clímax. Se você fizer isso corretamente, as notas irão ressoar pelo desfiladeiro por ligas. Os ventos te levantarão, não importa o quanto você resista, e você será levantado pelo céu.
À deriva em uma camada de ar quente, a cena azul-escura transcenderá uma noite negra estrelada, embora completa em sua escuridão, relaxando. Em algum lugar, além das estrelas, uma figura se forma, em sua presença branca, iluminando a noite, descendo em direção ao seu refúgio.
"É alguma coisa, não é?"
O homem branco dirá em seu ouvido. Não se deixe enganar pela sua natureza amigável, porque isso quer que você acredite. Por dentro, ele só quer que você confie nele para que ele possa atacá-lo quando você menos o apresentar, consumindo sua alma e deixando seu corpo como uma concha pelo resto do tempo, perambulando pelo vazio de seu reino. Em vez disso, vire-se para seu rosto brilhante e pergunte a ela:
E quanto a amanhã?
Sua essência se transformará lentamente em um cadáver negro grotesco, ausente de toda a vida e luz, e como uma marionete sem vida, será dirigido aos céus, à imagem estrelada em você e atrairá com eles todas as possibilidades de Seu retorno e catástrofes do mundo de amanhã. Tenha em mente que as imagens lhe darão pistas vagas sobre o que o mundo pode trazer. Não interprete essas mensagens, porque o mero conhecimento do que não existe o deixará louco. Os ventos que sustentam você cessarão, deixando-o à mercê do abismo aos seus pés. Antes de encarar sua extremidade escura, toque a flauta com toda a força que seus pulmões vazios e agonizantes permitem. Quando você se aproxima do chão, as notas vão ecoar e ressoar, formando uma imensa escuridão ao seu redor. Enquanto você cai nessa escuridão, feche os olhos e não respire, pois agora você existe no Vazio Sombrio.
Você voará através do nada, que irá envolvê-lo e encobrir sua visão, a flauta começará a brilhar e iluminará um caminho além. À medida que a luz chega ao fim do túnel escuro, a flauta será destruída pela completa escuridão, cujos fragmentos serão para sempre espalhados no Vazio. Estes cristais serão perdidos na escuridão absoluta, mas um retornará, tingido com a escuridão que o trouxe. Apenas olhando para ele, você se hipnotizará, pois tão fundo quanto você não vê nada, você verá que há algo além de você.
O fragmento infinitamente escuro do Vazio é o Objeto 408 de 538. Embora você tente olhar através dele o máximo que puder, os segredos de Amanhã nunca se revelarão a você.