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"Eu te acho muito linda" era o que dizia um dos bilhetes que eu encontrei em cima da minha cama. A caligrafia era bonita demais pra ser o chato do meu irmão me zoando, e meu namorado estava em uma daquelas viagens de treinamento pelo exército. Aliás, aquela não era a primeira vez que eu encontrava bilhetes espalhados pela casa com comentários sobre minha beleza.

A princípio eu achava que era o meu irmão zoando com a minha cara, já que ele vivia me infortunando, mas ele parecia tão intrigado quanto eu com os bilhetes. Minha mãe não tinha tempo pra essas coisas (e nem humor).

Então quem era?

Algum admirador secreto? Estava mais era pra um stalker maluco. A pessoa que estava fazendo aquilo conhecia bem a casa e sabia quais eram os lugares que eu mais frequentava. Eu ia tomar banho e quando voltava pro quarto, lá estava outro bilhete em cima da minha cama.

"Você é o meu anjo"

Os bilhetes eram sempre elogios a minha beleza, e eu até gostava. O meu "admirador secreto" parecia ser um poeta ou algo do tipo, já que tinha uma letra elegante e caprichada e escrevia palavras bonitas.

Se eu sentia medo? É claro. Mas devo dizer que eu não tava levando aquilo muito a sério. Sei que não era nem meu irmão e minha minha mãe, mas talvez fosse um dos pivetes amigos do meu irmão que viviam jogando vídeo-game com ele. Aqueles moleques viviam entrando no meu quarto sem minha autorização e mexendo nas minhas coisas. Meu namorado era que não iria ficar muito feliz com aquela história...

Certa noite, eu estava em meu quarto vendo as novidades no Facebook quando minha mãe bateu na porta.

"Filha, eu preciso que você levante cedo amanhã pra liberar o quarto pro rapaz do concerto."

Foi então que eu me lembrei que minha mãe tinha chamado um pedreiro para dar olhada no forro da casa, que estava cheio de aberturas e falhas. Ele ruía demais a qualquer vento e estava tão velho que as vezes parecia que tinha alguém andando em cima dele; mas, segundo minha mãe, era só um gato ou esquilo. Concordei com ela e voltei minha atenção ao computador. De canto de olho, eu notei que havia um papelzinho dobrado no canto do monitor que não existia até momentos atrás. Aquilo sim me assustou de verdade. A magnitude da aparição daquele bilhete me gelou até a alma. Era preciso ser um verdadeiro ninja pra conseguir ter colocado ali sem eu ou minha mãe ter percebido.

Eu o peguei e a mensagem que eu li era diferente do conteúdo dos outros bilhetes. A caligráfica também estava feia, como se tivesse sido escrito as pressas e de qualquer jeito.

"Olhe para trás"

Eu fiquei alguns minutos olhando para aquela mensagem, sem saber o que fazer, até que meu corpo automaticamente girou para a direção contrária. Nem mesmo meu medo foi capaz de superar minha curiosidade. Não vi nada de anormal no meu quarto. Nada no meu guarda-roupa, nada na minha cama, nada no meu criado-mudo, nada na minha penteadeira. Eu estava prestes a suspirar aliviada e me virar pra tela do computador novamente, quando corri rapidamente os olhos pelo quarto e notei algo. Bem lá no teto, algo que eu não tinha reparado. Havia no forro uma placa de PVC levemente mais afundada que as outras da sequência, abrindo espaço para uma pequena fresta. Embora estivesse escuro, eu vi.

Dois olhos grandes, arregalados, me encarando fixamente.

Eu não tinha como saber, mas eu juro por Deus, eu sentia, do fundo do meu coração, que aquilo estava sorrindo pra mim.


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